A segunda fase do Biocant Park, em Cantanhede, corre risco de não ser construída por falta de apoios comunitários. A obra, de 18 milhões de euros, pretende albergar 20 empresas de biotecnologia e criar 300 postos de trabalho.
“Não se percebe porque é que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) ainda não abriu concurso para este tipo de projectos. Ainda por cima tratando-se do único parque de biotecnologia em Portugal. Arrastar o financiamento comunitário por mais um ano é comprometer/asfixiar a obra, por falta de liquidez”, afirmou, ontem, o director do Centro de Inovação em Biotecnologia (Biocant Park).
Carlos Faro lamenta “que se ande a adiar a abertura do concurso há cerca de um ano”: “É trágico! Choca-me que em Portugal se disperse a atribuição de fundos comunitários em pequenos projectos, em vez de os concentrar em grandes obras, de inegável valor para o país, capazes de marcarem a diferença”.
Para além de promover actividades de I&D orientadas para o mercado e apoiar o bioempreendedorismo, o Biocant (constituído pela Câmara de Cantanhede, Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e Associação Beira Atlântico Parque) tem ainda como objectivo a criação de um cluster regional de biotecnologia de prestígio internacional.
Actualmente, o Centro de Inovação em Biotecnologia tem dois edifícios: a sede do Biocant e o Centro de Inovação em Biotecnologia, ambos totalmente ocupados, sem espaço disponível para receber novas empresas ou possibilitar a expansão das existentes.
O plano de expansão contempla a criação de quatro novas infra-estruturas: Biocant PME’s (empresas de biotecnologia que necessitem de espaço laboratorial próprio), Biopilot (unidade industrial de biotecnologia), Centro de Realidade Virtual (especializado em Ciências da Vida) e CNC Biotech (edifício laboratorial para alojar o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra; CNC será o primeiro laboratório associado do país e o maior centro de investigação da região Centro e transferirá para Cantanhede a investigação fundamental da área de biotecnologia e o programa de formação avançada em ambiente empresarial).
João Moura, presidente da Câmara de Cantanhede, e Carlos Faro asseguraram, ontem, que 90% dos espaços a construir no âmbito da segunda fase do Biocant já estão reservados.
Ao JN, o presidente da CCDRC, Alfredo Marques, reconheceu o atraso na abertura do concurso a fundos comunitários, mas prometeu ter o “assunto resolvido no início de Abril”.
“A CCDRC atribuiu alto grau de prioridade aos parques de ciência e tecnologia. Só que temos estado, primeiro, a conferir todos os projectos desta área que podem vir a merecer apoios e a definir critérios muito rigorosos. E só depois é que será aberto o concurso”, afirmou o líder da CCDRC.
Solicitado pelo JN a comentar a afirmação de João Moura de que seria justo a segunda fase do Biocant Park ser contemplada com um apoio comunitário de 70% dos 18 milhões de euros do valor global do projecto, Alfredo Marques não hesitou em responder de imediato: “Temos dezenas de milhões de euros para atribuir aos parques de ciência e tecnologia. Mas essa percentagem é demasiado elevada e impensável de atingir”.
By: JN
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